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  • Foto do escritorDani Arantes

Por que ainda é tão difícil escolher ou contratar um palestrante ?

Existe uma história maravilhosa sobre um grupo de executivos da indústria automobilística americana que foi ao Japão para ver uma linha de montagem. No fim da linha, as portas eram fixadas em suas dobradiças, como se faz também nos Estados Unidos. Mas, nos Estados Unidos, um operário dessa linha pegava um martelo de borracha e batia nas beiradas da porta para garantir que encaixava perfeitamente. No Japão essa tarefa não existia. Confusos, os executivos americanos perguntaram em que momento eles garantiam que a porta encaixava perfeitamente. O guia japonês olhou para eles e sorriu encabulado: “Nós nos asseguramos de que encaixa quando projetamos”. Este trecho foi extraído do livro de Simon Sinek. Comece pelo porquê: Como grandes líderes inspiram pessoas e equipes a agir. Aliás, vale a leitura. Se não obtinham o resultado desejado, entendiam que a causa era uma decisão que haviam tomado no início do processo.


O mesmo acontece nas empresas com a definição de palestras e palestrantes para um evento. O conteúdo, não só em termos de tema, mas principalmente na abordagem e aplicação, e consequentemente o palestrante, devem ser definidos antes da “linha de produção” do evento, e até mesmo fora dos processos de concorrência, por exemplo. Afinal, eles atendem a um objetivo claro e específico, que surge a partir de necessidades e expectativas e estratégias internas, igualmente claras e específicas. De qualquer forma, quando surge a necessidade de contratar um palestrante ou uma palestra de determinado tema, é uma deficiência ou necessidade emergente de capacitação de uma força de trabalho, líderes, colaboradores, força de vendas, etc que vai nortear esse processo. Destacar esse processo de uma concorrência por exemplo, inclui até questões de confidencialidade.

Se compararmos a forma como é feita a oferta e contratação de palestrantes com as prateleiras de uma livraria, conseguimos claramente perceber que muitas palestras estão na prateleira da autoajuda inútil e ultrapassada enquanto outras estão na prateleira das neurociências, da psicologia organizacional, ciências humanas e sociais ou de gestão de pessoas.

Saber em qual prateleira buscar o conteúdo é uma tarefa dos profissionais que se dedicam à curadoria de palestras e não de vendedores de palestras ou de agências de eventos.

Isso já seria o suficiente para compreender que pensar na contratação de uma palestra não pode estar sob especificações como: palestrante famoso, palestrante de até R$ 15 mil, palestrante motivacional ou qualquer outro comando generalizado e superficial.

O mundo do trabalho e suas transformações trouxeram um aspecto muito importante, que podemos chamar de “psicologização” do trabalho e de seus espaços. Mudanças que exigem dos trabalhadores adaptação psicológica e envolvimento. Em resumo, os trabalhadores precisam de capacidades psicológicas, para que consigam atender as demandas organizacionais. Qualquer mudança requer adaptação. A diversidade, requer novas perspectivas. Trabalho em equipe, requer assertividade, por aí vai, além de habilidades de comunicação, iniciativa pessoal, autocontrole, resiliência etc.

Com todos esses temas e abordagens se dirigindo para o centro dos debates corporativos, dois fenômenos extremamente significativos se apresentaram rapidamente: O primeiro deles está relacionado com a quantidade de profissionais que não são exatamente habilitados, os chamados “tudólogos”, tratando de temas relevantes de forma superficial e generalizada, alguns até mesmo de forma irresponsável.

Um dos clássicos exemplos diz respeito às palestras e palestrantes motivacionais, que confundem conceitos como comprometimento e motivação com engajamento. Para a psicologia, são conceitos completamente distintos. Sem contar as boas doses de superação com mensagens de que devemos ser melhores a cada dia, quando na verdade a motivação necessita de metas claras e específicas para que façam qualquer sentido para quem se pretende motivar. Ou até quando tratam a motivação intrínseca como sendo uma motivação particular ou interna, quando há uma vasta literatura científica estudando as teorias motivacionais apresentando o conceito de uma forma completamente diversa. As teorias motivacionais estudadas a partir de Maslow, por exemplo, de uma forma ou de outra, colocam a motivação intrínseca ligada à tarefa que se executa e não a uma causa ou motivo pessoal.

Inclusive, o psicólogo americano Abraham Maslow em sua teoria de motivação humana jamais desenhou a pirâmide de hierarquia das necessidades, mais que isso, ele via com reservas a aplicação de sua teoria ao mundo do trabalho e não entendia a motivação dos trabalhadores como suficiente para o sucesso das organizações.

Esses aspectos interferem muita na escolha e definição de um palestrante ou até mesmo de um tema ou abordagem de uma palestra. E é por isso que é tão importante contar com o trabalho de uma empresa de curadoria de palestras. E uma agência de curadoria de palestras não é uma agência de palestrantes ou um banco de palestrantes. E é por isso também que delegar essa tarefa à uma agência de eventos é extremamente contraproducente.

Recentemente uma cliente entrou em contato conosco solicitando um palestrante de até de determinado valor. Nos informou a data, horário e local, e o tema pretendido: motivacional em vendas. Essa era toda a informação que nós tínhamos para atendê-la. Como somos uma curadoria de palestras e não um banco de palestrantes que tem um catálogo de nomes temas e valores pronto pra atender qualquer demanda indistinta e imediatamente, nós solicitamos um papo rápido com a cliente por telefone, pra que pudéssemos entender onde essa solicitação estava fundamentada. Como dizem os livros, queria entender a dor da minha cliente.

A palestra seria para lojistas, em especial gerentes comerciais, de diversos segmentos. A cliente havia identificado que eles estavam acomodados em seus números. Substituiu acomodação por falta de motivação e concluiu que eles estavam desmotivados.

Mas porque eles estariam acomodados? Perguntamos. Por que eles estavam vendendo bem, estavam satisfeitos e confortáveis com as vendas, estavam batendo as metas internas. Mas, a cliente considerava que era possível fazer mais e aumentar as vendas.

Podemos concordar de imediato que falta de motivação não era um comportamento existente nessas pessoas. Elas estavam fazendo o que era pra ser feito e obtendo os resultados esperados. Uma palestra “motivacional” seria o mesmo que gritar para uma pessoa que as 6h da manhã já está na esteira correndo: “Vamos lá, coragem, levanta dessa cama! Coloque um tênis, se mexa”. Ela já fez isso. O que talvez essa pessoa precise saber, é que ela poderia tentar correr uma meia maratona, aumentar a velocidade, melhoras os resultados, mas de motivação, com certeza, ela não precisava.

Ainda estamos trabalhando nesse projeto, então não temos exatamente a alternativa pronta. Uma parte do time de criação entendeu que falta um comportamento presente nas pessoas engajadas (conceitualmente diferente de motivação), que vem a ser a proatividade e o desempenho extra papel. Mas ainda estamos analisando as informações.

O outro fenômeno significativo que estamos experimentando na nossa atualidade é a qualificação no consumo dos conteúdos absorvidos. Hoje é possível assistir aulas e palestras ministradas a partir de Harvard enquanto nos deslocamos pela cidade, por exemplo, dentro de um carro de aplicativo. Os cursos online eliminaram barreiras até bem pouco tempo instransponíveis. Eu mesma fiz uma pós graduação durante a pandemia e tive como professor, Daniel Kahneman, autor de Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar. Psicólogo e economista israelense-americano notável por seu trabalho sobre a psicologia do julgamento e tomada de decisão e economia comportamental, pelo qual recebeu o Prêmio Nobel de Economia. No mesmo curso, Daniel Goleman deu uma aula sobre Inteligência Emocional e Djamila Ribeiro foi a professora da matéria Diversidade e Inclusão. Pelo menos pra mim, dizer que tive esses professores num curso de pós graduação era algo inimaginável até 5 anos atrás.

Esse fato me lembrou um tema que se tornou muito comum a partir da pandemia: inovação. Todos os dias recebíamos solicitações de aulas e palestras que tratasse do tema inovação. Afinal, estávamos diante de ferramentas, rotinas e realidades inexistentes. Acho que todos se lembram que não fazíamos reuniões online em janeiro, fevereiro ou março de 2020. No entanto, todas as ferramentas já existiam, já era perfeitamente possível conversar remotamente desde 2011 a partir do zoom, ou desde 2017 a partir do Microsoft Teams. Portanto, utilizar essas ferramentas não teria nada de inovação, mas sim de adaptação. Inovação é algo completamente diferente.



Desde então, nós estamos consumindo conteúdo mais qualificado dentro das nossas casas. Estamos firmes e fortes no nosso desempenho e aprimoramento pessoal. Buscando conhecimento. E isso sobe a régua do que nós, incluindo seus funcionários, esperamos ter em eventos e oportunidades de aprendizagem organizacional. Inclusive, este é um dos fatores descritos em algumas teorias motivacionais: perceber que a empresa investe e contribui de fato para o desenvolvimento e aperfeiçoamento é extremamente motivador. Poucas, na verdade nenhuma teoria fala sobre palestras de histórias de superação, tristes de final feliz, terem qualquer impacto ou aplicabilidade no trabalho. É de se pensar!

Com tantas mudanças, a forma de contratar palestrantes também precisa mudar. É preciso que haja qualificação necessária no início do processo, tal qual as dobradiças na indústria japonesa. A palavra correta é direcionamento, não qualificação. Não é função de uma agência de eventos ter conhecimentos de psicologia organizacional, gestão de pessoas ou ciências sociais. A elas cabe ir para o mercado e solicitar opções, opções e mais opções de nomes para apresentar ao cliente numa tentativa completamente insana de acerto e erro. De 12, 15 ou até mesmo 60 nomes (sim, muitos projetos chegam a cogitar mais de 50 opções), algum o cliente vai gostar. Quase todos esses processos esbarram no que o psicólogo americano Barry Schwartz chamou de paradoxo da escolha, o universo de escolhas é um problema e não uma solução. Sem contar que como já sabemos, escolher nos deixa exaustos, mentalmente exaustos.

O fato é que não existem tantas opções capazes de atender plenamente uma demanda quando ela está embasada em um briefing detalhado e assertivo. É preciso debruçar sobre as necessidades e expectativas do público do evento. Por exemplo, é inútil se debater sobre dezenas de opções de palestrantes que tratam de inovação quando a necessidade é de adaptabilidade. Tão pouco se debater sobre dezenas de opções de palestrantes que tratem de motivação quando a necessidade é sobre autonomia e satisfação. De novo, conceitos completamente distintos.

Em resumo, é contraproducente se debruçar sobre dezenas de opções de nomes de palestrantes sem que tenha havido uma longa e profunda discussão sobre o que essas palestras precisam entregar tanto em resultado quanto em aplicabilidade. Quais resultados serão obtidos através e a partir delas. Por que é ou não é sobre resultados que falamos sempre ?

O que significa que vendedores de palestras, aqueles cujos mailings comunicam: Conheça palestrantes de até 10 mil reais, ou até mesmo, os palestrantes mais contratados. Qualquer agência que com base em duas ou três palavras conseguem providenciar rapidamente uma lista de opções, vão colapsar diante de tantas mudanças. Na verdade, é esperado que um cliente não queira ser atendido de uma maneira que atinja somente a superfície por falta de conhecimento de quem atende.



E quando falamos de adaptação, estamos falando em basear um atendimento em conhecimento e qualificação. Isso diferencia uma agência ou banco de palestrantes de uma agência de curadoria de palestras.


 

Sobre o autor: Dani Arantes é Diretora de Atendimento da Connect. É formada em Gestão Comercial pelo Senac, Pós Graduada em Psicologia Organizacional e Gestão de Pessoas pela PUC e Consultora em Responsabilidade Social Empresarial e Bem Estar Organizacional. Possui certificação em Neurociência Aplicada ao Ambiente Corporativo, Gestão para o Desenvolvimento Humano e Gestão do Conhecimento e Inteligência Organizacional


Sobre a Connect: Somos a mais completa agência de curadoria e gestão de conteúdo de palestras para eventos corporativos. A primeira no segmento a se organizar fundamentada em suas competências essenciais: a descoberta e a reunião de conteúdo relevante, qualificado e inovador para atender a demanda cognitiva de empresas e organizações. Atuamos apoiando nossos clientes na tomada de decisão de tudo o que se refere a definição, escolha e gestão de palestras e palestrantes para eventos corporativos com foco na curadoria do conteúdo a partir da estratégia do negócio do nosso cliente e não a partir do tema da palestra contratada. Mais do que entender a relação do tema de uma palestra com a necessidade do cliente, buscamos compreender e adaptar o conteúdo à realidade organizacional da marca, ou seja, a adaptação e personalização à cultura, valores, objetivos e principalmente estratégia de negócio.



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