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  • Foto do escritorDani Arantes

Um processo psicológico chamado motivação.

O que explica a conduta humana, especialmente no ambiente de trabalho ? Quais são as razões das diferenças individuais que evidenciam as preferências e os interesses de cada pessoa ? A resposta está em um dos oito processos psicológicos básicos chamado motivação.

A motivação ou a falta dela é um dos maiores problemas organizacionais enfrentados, na verdade, as chamadas palestras motivacionais são contratadas à exaustão na tentativa de direcionar ou regular o comportamento humano. No entanto, a grande maioria delas ignora por completo o vasto conhecimento teórico produzido ao longo das últimas décadas. Atualmente, muitas empresas já reconhecem o pouco ou nenhum resultado produzido pelas "palestras motivacionais" no desenvolvimento humano ou organizacional, e um outro paradigma tem surgido: que palestras motivacionais são de fato apenas recreativas e inspiracionais e não representam elemento de mudança de comportamento efetiva ou duradoura. O que faz certo sentido, considerando a altíssima oferta de palestras motivacionais inspiradas em histórias de superação de dificuldade, compartilhamento de experiências pessoais geralmente bem sucedidas ou até mesmo receitas de sucesso ou felicidade com base em determinação, foco e perseverança.

A motivação tem, inclusive, justificado outros problemas organizacionais que mereciam dedicação e cautela na hora de avaliar não somente a necessidade de contratar uma palestra mas principalmente definir o tema e a abordagem, tais como engajamento (que não é sinônimo de motivação), inteligência social e emocional, burnout e outros.

No entanto, há uma vasta literatura produzida por psicólogos de personalidade, desenvolvimento, escolar, aprendizagem, social e organizacional demonstrando a relação entre aspectos motivacionais e desempenho no trabalho. Relacionam a motivação com a cultura nacional (valores e crenças), o desenho do trabalho (exigências/demandas) e o ajuste pessoa-ambiente.

A ação humana é multicausal e contextual. Além disso, envolve aspectos biológicos, históricos, sociológicos e culturais. Por isso, para que seja possível compreender a conduta humana, as pesquisas sobre motivação utilizam múltiplos critérios de mensuração.

As teorias motivacionais são construídas a partir de quatro elementos: Ênfase, Foco, Pergunta e Resposta.



ÊNFASE: O que se elege como importante para abordar a motivação (ativação, direção, intensidade e persistência). FOCO: Objeto de atenção da teoria que está intimamente relacionado com a ênfase de abordagem escolhida. PERGUNTA: Indagação que se faz ao objeto. RESPOSTA: Nível de explicação/compreensão que se pretende obter.


Nas teorias motivacionais as definições adotadas para explicar esse processo psicológico elege uma ou mais ênfases. Sendo:


Ativação: Estado inicial de estimulação em que se encontra a pessoa.

Direção: Objeto da ação, mais especificamente ao nível de consciência da pessoa em relação a escolha desse alvo. Ou seja, se a direção está dentro ou fora do controle consciente da pessoa.

Intensidade: Refere-se a variabilidade da força da ação. a força vai depender de um estado de carência anterior (necessidade ou afeto) ou de um estado posterior a ser alcançado (alvo).

Persistência: Refere-se à articulação entre a ativação, direção e intensidade da ação. O foco, é a manutenção da ativação da ação e o que mantém a ação, podendo ser a pessoa ou o ambiente.


A ênfase persistência busca compreender o fenômeno da motivação, atribuindo sua manutenção a fatores pessoais (necessidades, desejos, características de personalidade ou impulsos, etc) ou ambientais (tipo de tarefa, equipe de trabalho, chefia, condições físicas, clima organizacional, recursos tecnológicos, salário, recompensas externas, reforço, etc).


As possíveis combinações entre duas ou mais ênfases estão na base das teorias motivacionais e elas se classificam de três formas:


Unidimensional, de Campbell, 1970: Diferencia as teorias da motivação em teorias de conteúdo e teorias de processo.

Nas teorias motivacionais de conteúdo, a motivação humana é explicada a partir das necessidades (ou carências) e a conduta humana é orientada para a sua satisfação. Nas teorias motivacionais de processo, a motivação é explicada como um processo de tomada de decisão em que estão em jogo as percepções, os objetivos, as expectativas e as metas pessoais.


Bidimensional, de Thierry, 1994: Também diferencia as teorias motivacionais em dois grupos (conteúdo e processo) e inclui a dimensão reforçamento versus cognição. A inclusão se justifica, considerando a importância do reforço na motivação, ao que faz a pessoa repetir a ação, continuar motivada a repetir aquela ação. Desta forma, a atenção está dirigida para o que acontece depois da ação ou da conduta (fator externo). Nas teorias que enfatizam a cognição, a atenção está votada para o que acontece no sistema cognitivo da pessoa (fator interno), ou seja, nas percepções, nas interpretações, nas informações armazenadas, tratadas e recuperadas conforme a necessidade de se tomar decisões, ou seja, a motivação não decorreria da recompensa (do que acontece depois que a pessoa age), mas sim, do que ocorre na sua mente (desejos, intenções e metas) orientando o que ela fará no futuro.


Unidimensional, de Kanfer, 1992: As teorias estão organizadas em um continuum entre distância e proximidade da ação. A motivação é fundamentalmente uma teoria da ação, sua relevância deve ser destacada a medida que repercute de modo ativo na orientação da mudança de ação da pessoa, oferecendo perspectivas de intervenção para a reorientação da ação individual.

As críticas de Kanfer às classificações de teorias no conceito da necessidade como conteúdo da motivação está no fato de que a pessoa pode não estar ciente dos passos a serem tomados para a satisfação destas necessidades ou carências, ou seja, são insuficientes para orientar a conduta humana.


Os modelos de classificação organizam e ordenam um vasto conhecimento teórico produzido. Novos tipos de arranjo tem sido discutidos, mais complexos, buscando um avanço para além de uma concepção centrada no instinto (direção ativada biologicamente), na homeostase (busca de retorno a algum estado de equilíbrio) ou no hedonismo (busca pelo aperfeiçoamento contínuo) e uma compreensão da motivação em seu contexto.

Na psicologia evolutiva a discussão também tem sido reposicionada. Não somente a motivação, mas todos os processos psicológicos básicos: percepção, atenção, memória, emoção, entre outros, redirecionando seu foco de abordagem em sistemas gerais adaptativos e centrados na aquisição do conhecimento para sistemas especializados de regulação, mais efetivos no processo de tomada de decisão de comportamentos adaptativos a serem transmitidos às gerações futuras, ou seja, a resolução de problemas motivacionais requer elementos que não são propriamente crenças, metas, desejos e preferências, como tratados pelas teorias motivacionais convencionais, mas variáveis regulatórias internas que ajudam na tomada de decisão.


 

Sobre o autor: Dani Arantes é Diretora de Atendimento da Connect. É formada em Gestão Comercial pelo Senac, Pós Graduada em Psicologia Organizacional e Gestão de Pessoas pela PUC e Consultora em Responsabilidade Social Empresarial e Bem Estar Organizacional.

Possui certificação em Neurociência Aplicada ao Ambiente Corporativo, Gestão para o Desenvolvimento Humano e Gestão do Conhecimento e Inteligência Organizacional


Sobre a Connect: Somos a mais completa agência de curadoria e gestão de conteúdo de palestras para eventos corporativos. A primeira no segmento a se organizar fundamentada em suas competências essenciais: a descoberta e a reunião de conteúdo relevante, qualificado e inovador para atender a demanda cognitiva de empresas e organizações. Atuamos apoiando nossos clientes na tomada de decisão de tudo o que se refere a definição, escolha e gestão de palestras e palestrantes para eventos corporativos com foco na curadoria do conteúdo a partir da estratégia do negócio do nosso cliente e não a partir do tema da palestra contratada. Mais do que entender a relação do tema de uma palestra com a necessidade do cliente, buscamos compreender e adaptar o conteúdo à realidade organizacional da marca, ou seja, a adaptação e personalização à cultura, valores, objetivos e principalmente estratégia de negócio.



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